sexta-feira

D01.00:00

Acordei com um estranho som. Olhei para o despertador, são 00:01.
Hoje deitei-me mais cedo porque tive um dia que me deixou derrotado. Eram dez horas e já não conseguia manter-me de pé, nem acabar a cerveja que abri para me acompanhar no sofá.
Levantei-me. O som que me despertou parecia ter vindo da cozinha. O chão de azulejos está frio. Acendo a luz. Os meus olhos são atacados pela brusca claridade. A cabeça leteja levemente. Reparo, no branco chão da cozinha, duas baratas a passarem ao lado do fogão. Nunca tinha visto baratas desde que me mudei para cá, há dois anos atrás. Uma delas parou. Está completamente imóvel e virada para mim. "Será que me está a observar?" pensei. Dei um passo em direcção ao insecto. Este não se moveu. Baixei-me para o poder observar melhor. Incrível como este pequeno ponto negro se mantém inerte mesmo após a minha aproximação. Estendo a mão para o apanhar, mas no preciso momento em que o vou tocar, o seu corpo desfaz-se em cinza. Um fio de vento vindo de um lugar que não consigo identificar passa por mim e espalha os restos orgânicos da barata pelo chão. Em breves segundos, nada resta.
"Terei sonhado?". Esta era a dúvida que circulava no meu pensamento enquanto enchia um copo com água fresca. Bebi metade do copo com três tragos. Estava demasiado fresca e a minha garganta ressentiu-se. Devia-a ter misturado com alguma água natural. Esqueço-me constantemente de o fazer.
Voltei para a cama com o copo na mão. Deitei-me.
"Terei sonhado?"

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